10/29/2005

Um cavaquismo sebastianista

Independentemente de gostar - ou não - de Cavaco Silva (até porque gosto), tenho assistido com alguma preocupação a este tsunami cavaquista. De cada vez que Cavaco aparece na televisão, fico sempre com a sensação de haver um manto de nevoeiro à sua volta. Tal qual D.Sebastião regressado para nos salvar. No imaginário português sebastianista, este não é, nem por sombras, um fenómeno anormal. De Sidónio Paes a Salazar, passando por Sá Carneiro, Cavaco é apenas mais uma esperança.
Os mais críticos lembram a memória curta dos portugueses; chamam-lhe "Pai do défice" e acusam-no de ter "inaugurado as fugas". Mas a massa do eleitorado age de forma autista e perde-se em vénias ao Salvador.
Digo num parêntesis que gostava de compreender os mecanismos de formação da imagem dos políticos junto do povo, como se constrói um "intocável".
E concluo rapidamente: Precisa-se - uma trela para este nosso romantismo desenfreado...

10/04/2005

Argumento para um romance

Como seria se pudéssemos apartar-nos do mundo real e viver no reino do sonho? Outro dia essa ideia surgiu-me, trazida por uma série de televisão(que triste condição, a televisão dominadora dos nossos pensamentos). Um rapazinho já crescido, canonicamente bem sucedido, médico e com duas garotas a cobiçá-lo, começava a ter este sonho repetido com uma mulher. Passava o dia à espera do momento de adormecer: e lá estava ela. Era como uma vida paralela: a real vs a do sonho.
No fim de contas, o que distingue o sonho da realidade é apenas a descontinuidade do primeiro. Se vivermos uma história contínua no sonho, se dia após dia dermos prosseguimento ao que ficou do sonho anterior, se a vida do sonho for capaz de nos fazer sentir coisas que nunca sentimos antes... Será que não vamos querer mudar-nos para esse mundo aparte?

10/03/2005

Ouvido

You keep your distance with the system of touch,and gentle persuasion,
I´m lost in admiration, could i need you this much?
Oh you´re wasting my time, you´re just wasting time...

Tears for Fears (1985)