12/24/2005

Acabou

José Sócrates tém na agenda para o princípio de 2006 a sua primeira derrota: a perda das eleições para Belém. Eu, que nunca fui especial fã de Alegre, fico contente pelo desfecho que representa a vitória de Cavaco. Sócrates disse que queria Alegre, depois disse que queria Soares e depois... lixou-se. Faz lembrar aquele género de gajos que combina café com uma míuda, depois descombina para se encontrar com outra e depois essa dá-lhe o bolo. Resta dizer: é bem feito. Bom ano a todos. Um abraço ao Alegre, que no fim das contas até se fica a rir.

12/23/2005

Natal (luzes, consumismo)

Escrevia outro sobre a hipocrisia do Natal. Quem foi que inventou esta festarola em que ninguém se lembra do Menino?, foram os reis magos?
Ouro, incenso e mirra em forma de Toys r'us, Colombos e MediaMarkts. Estranhas transformações acontecem nas civilizações...

Espelhos

Queria escrever um romance que retratasse a vida em sociedade se não existissem espelhos. Se o único espelho de nós próprios fosse o reflexo dos outros.
Será que seríamos mais ou menos obcecados do que já somos com a nossa imagem social?

Natal (luzes, alegria)

- Detesto o Natal - suspirei - É de uma injustiça parva.
- Sim. É aquela altura em que os desgraçados são mais desgraçados... - respondeu ele.

12/21/2005

O menino e o boneco

"Acutilante" e "provocatório" são adjectivos meiguinhos para a forma como Soares se portou no frente-a-frente de ontem. Talvez tenha mesmo achado - como disse à saída - que foi um debate "cortês"...
Só veio confirmar que na terceira idade regressamos a estádios primários. Ontem à noite Soares encarnou numa criancinha de 3 anos: mundo autocentrado e obsessão por um objecto - Cavaco.
Também é verdade que este lhe serviu de boneco, já que quase não conseguiu defender-se. Bem podia ter dito ao outro:
"Ouça cá. Páre de me acusar e explique aos portugueses as suas motivações para a PR. Se está hoje aqui é por minha causa - ou já se esqueceu que se candidatou para irmos os dois passear na Avenida?..."

12/17/2005

Nós por cá

Ultimamente tenho questionado muito o tempo que o homem (conceito elegantemente machista para referir os dois sexos) dispensa a pequenas tarefas desinteressantes, tidas como obrigatórias, que não lhe acrescentam nada.
O lavar a loiça. O fazer a cama. O pôr a roupa a lavar. O passar a ferro! O próprio dormir. Tudo coisas que "passamos a vida a fazer" (não é à toa que esta expressão um nadinha hiperbólica existe, apercebo-me agora).
É que ultimamente a fugacidade da existência tem-me ocupado particularmente. E se passamos a vida (agora sim) a ouvir dizer que devemos aproveitar este suposto milagre em forma de prenda que é a nossa estadia por cá, como é possível que depois possamos dar tempo a estes pequenos nadas, sem que ninguém repare?
Talvez seja isso: a vida é feita de pequenos nadas. A vida, no fim de contas, é um pequeno nada gigante.

12/14/2005

A lei natural das coisas

Choca-me a descontinuidade dos sentimentos. Há uma incoerência gritante nas relações humanas.
De repente encontramos um objecto do passado - uma dedicatória, uma fotografia, um cd, o que seja. Damos de caras com ele.
É real, está à nossa frente, podemos tocar-lhe. Só que já não tem razão de ser. É vazio de sentido, diz respeito a um sentimento que se desvaneceu no tempo.
Revolta-me que a realidade de certos objectos, a sua existência concreta, contrarie ou seja contrariada por situações, pessoas ou sentimentos que morreram no tempo (por muito que na altura os achássemos eternos). Confunde-me que o objecto me diga uma coisa e a realidade me mostre outra.
Uma fotografia. E nós: "ah, estávamos tão apaixonados..." Mas ali estamos! Estão duas pessoas apaixonadas na imagem, porque não dizer que sim - estão apaixonadas?
Que mórbido feitiço será este que nos atrai uns para os outros para depois nos separar?
Será que deixamos mesmo de amar aqueles por quem nos apaixonámos ontem? Que injusto, pá.

12/04/2005

Domingos assim...


Vai chover, de novo
Deu na TV
Que o povo já se cansou
De tanto o céu desabar
E pede a um santo daqui
Que reza a ajuda de Deus
Mas nada pode fazer
Se a chuva quer é trazer
Você pra mim
Vem cá que tá me dando
Uma vontade de chorar
Não faz assim....
Não vá pra lá
Meu coração vai se entregar
A tempestade
Quem é você pra me chamar aqui
Se nada a aconteceu, me diz?
Foi só amor ou medo de ficar sozinho outra vez?
Cadê aquela outra mulher?
Você me parecia tão bem
A chuva já passou por aqui
Eu mesma que cuidei de secar
Quem foi que te ensinou a rezar?
Que santo vai brigar por você?
Que povo aprova o que você fez?
Devolve aquela minha TV
Que eu vou de vez
Não há porque chorar
Por um amor que já morreu
Deixa pra lá
Eu vou, adeus
Meu coração já se cansou de falsidade

12/03/2005

Mas contentemo-nos, que hoje será assim...


Ir à praia era um ato político. Ver o pôr-do-sol era um comício. A felicidade não teria fim e a tristeza, sim. No entanto, não éramos políticos de traços duros, de luta, panfletos e fábricas; era uma política-poética, soft, romântica. As casas viviam de portas abertas, onde se fazia música pela madrugada, onde se discutia literatura e revolução, época querida quando as namoradas começaram a "dar". Sexo era política. Eu me lembro de dizer a uma namorada que nosso amor era uma forma de luta contra o imperialismo.
Arnaldo Jabor

12/02/2005

Nota de Agenda

Joana 1000,

Tenho para dizer-te que arranjei maneira de assistires à gravação do "Eixo do Mal". Já te avisei que vais ficar desiludida, mas com os malucos não se ateima.

Notas IV

Amanhã, ouvirei do Maurício a seguinte frase:
- Ficas meses sem postar, e depois e logo esse desvario, que até cansa uma pessoa...

Sim, acho que o Maurício é homem para usar a palavra desvario.

Notas III

Lembrei-me hoje do Lameira e da relação de amizade que mantemos. Cheguei à conclusão que não é um amigo a quem possa pedir O Anjo Pornográfico (a biografia do Nelson Rodrigues) ou qualquer outro livro, cd ou bem essencial. Pela simples razão de que só nos encontramos em restaurantes, ou depois da meia-noite. E sempre alcoolizados. E seria estranho deixar um livro, cd ou bem essencial no bengaleiro do Incógnito.

Notas II

Ontem diziam-me que deixei de escrever sobre política no Leões. Corrigi imediatamente: deixei de escrever no Leões. Ponto.
Ontem ouvi da boca de alguém a expressão "cobra criada". A autora não disse se era um momento autobiográfico.

O meu patriotismo começa amanhã

Este Domingo, a Ana Sá Lopes escrevia que não sair à noite vai bem com os dias que correm. Uma questão de patriotismo, dizia. O meu caso é diferente. Digamos que me exigiram que - patrioticamente, claro - assegurasse a "cobertura noticiosa durante a madrugadas" neste canal que já teve os seus dias dourados. Patrioticamente - claro - não recusei a empreitada. Isto tudo para dizer que, a partir das seis da manhã de hoje entro em folgas acumuladas. Soa-me bem. Isto significa que vou chatear todos estes senhores para sair durante cinco noites. É que, descobri, que o meu patriotismo é diferente do da Ana: patrioticamente, vou contribuir com a minha parte para a dinamização do comércio tradicional do Bairro Alto.

Não arranjo título para este post

Durante sete dias, trabalhei sete noites e deixei de viver sete dias. Ainda que pensasse que gostava de trabalhar durante a noite, é com pesar que senti a falta dos dias. Isto não faz muito sentido, calculo. Mas, pelo menos, é sentido. Além disso, são quase três da manhã. Para mim, é como se fosse a tarde deste meu dia nocturno. E já é tarde.