8/10/2007

Saudade

Vou ter saudades dele. Era um daqueles homens que marcou o tempo em que viveu – proeza só disponível aos eleitos pelo seu Deus – e que escolheu uma grande mulher para lhe amparar a vida.
Gostava de o ter conhecido quando eu ainda não existia, de ter observado o homem de Estado, o poeta e sobretudo o filósofo. Dele apenas me chegou a faceta do Avô risonho, embevecido, orgulhoso, nada imparcial no juízo dos mais queridos. Mas gostava de o ter visto no princípio – do pensamento, da carreira, do percurso longo e intenso. De ter visto o mundo com Ele e de ter juntado o meu ao seu idílico nome: Carlos Eduardo Soveral.
Consola-me a ideia e a vontade, agora maior, de lhe seguir as pisadas. E de lhe dar – se Ele me seguir sempre – a alegria de continuar o legado.
Nestes dias alucinantes, em que ainda não caímos em nós, em que as lembranças nos fogem invariavelmente para o presente e as palavras não saem como eu queria, penso que elas nunca serão suficientes. E pressinto a dor.
Vou ter tantas saudades dele.