9/29/2005

Autobiografia II

Há uma fotografia – mental, mas nem por isso deixa de ser uma fotografia – nossa na Boca do Inferno. Princípios de Abril, o sol quente, as partículas que se despenhavam contra as rochas a pairar no ar, nos teus cabelos. Não é por ser mental – a fotografia – que tem menos valor. Por ser mental, também a camisola de lã não picava no corpo nu de quem a vestia.

E voltava-se a Lisboa, com a cidade e o mar a adormecerem. Pela Marginal, com determinada música. Com a tua voz que me embalava.
Abril de 199...