7/11/2006

Romantismo da vida

(Este blogue: ainda é vivo?) Faço tal e qual a mesma pergunta: por que são românticas as estações de comboio?
Por que será que me apetece sempre, de cada vez que lá vou, sentar-me num dos bancos baixos e escrever de enfiada, desenfreada, um romance? Que razão me leva a ver um tropa em cada esquina, uma namorada expectante em cada corredor, abraços dolorosos e adeuses que se sabem eternos?
Era capaz de ficar, ficar, ficar. Assim: sentada dentro da carruagem, a observar o lado de fora. Há qualquer coisa a transportar-me bem longe no tempo, mesmo antes de o comboio arrancar.
E a cada soar do apito, parece que se abre um mundo novo. E sim, talvez seja essa a resposta final: ninguém ali fica.
Tudo se explica pela efemeridade que se respira no ar. No fim de contas, a estação de comboio não passa de uma metáfora habilmente inventada para nos explicar a existência.