4/08/2005

Joaquim José dos Santos, origens (10)

Embora, à época, fosse comum a um - literalmente - novo-rico esconder o quanto pudesse as suas origens humildes, especialmente aqueles que enriqueciam nos brasís e à metrópole retornavam, Joaquim não o fizera. Cedo percebera que a melhor maneira de contrariar a chacota seria aceitá-la frontal e naturalmente, desarmando assim os seus detractores. Já que a sorte não lhe trouxe um berço conveniente nem o respeito de um nome – facto que muito lamentava, pois acreditava que só a riqueza de sangue era, de facto, legítima – apressava-se diligentemente a suprir essa lacuna com ditos de espírito e aparente justiça de carácter, bem como através de uma riqueza inequívoca. Não obstante, o rancor que nutria por quem lhe apontasse essa falha das origens jamais passava e era, de todas, a mais forte razão para odiar alguém. Os desavisados que por esse caminho entraram tiveram suficientes ocasiões para se arrepender de tais gracejos. Mas isso foi muito tempo depois.