7/25/2005

Killer in the classroom (um post desactualizado)

Era manchete de um qualquer tablóide inglês nos dias que se seguiram aos atentados (os primeiros) de dia 7. A polícia britânica descobriu que um dos bombistas era educador numa escola especial, o que logo gerou a indignação geral: "O mr. Khan?! Não pode ser, enganaram-se, que grande desgraça!" - bem ao jeito da indignação dos funcionários Casapianos quando estoirou a bomba do Bi-bi... Porque era ao "sr. Silvino" que sempre se recorria quando alguma coisa era precisa. Ah. E os miúdos adoravam-no(!).
Entre o choque e a reacção natural de descrência nas instituições, nos homens e na sociedade em geral (muçulmanos aparte), apercebemo-nos de que existe um rótulo muito especial colocado àqueles que trabalham com crianças. Como se o carácter educado pela dureza da sociedade dos mais grandinhos fosse contagiado pelo estatuto angelical dos pequeninos. São autênticos pequenos grandes anjos imaculados, enviados à terra para apoiar o crescimento dos futuros adultos.
Depois acontecem destas. E parece que o mundo está ao contrário. Só que - típico dos mecanismos sociais dos media - a inversão que logo é feita também roça ligeiramente o exagero. Que o senhor fosse terrorista é um facto atroz, como tudo o que é terrorista. Que trabalhasse com crianças é mórbido, sim senhor. Mas não está inerente que fosse atacar os alunos ou mandar a escola pelos ares só por ter acordado mal disposto nesse dia.
Trata-se de um fanatismo com alvos bem definidos, assustadoramente racional, num paradoxo confuso. Afinal, qual dos dois lados será mais racional? As democracias ocidentais ou o fundamentalismo islâmico?