12/17/2005

Nós por cá

Ultimamente tenho questionado muito o tempo que o homem (conceito elegantemente machista para referir os dois sexos) dispensa a pequenas tarefas desinteressantes, tidas como obrigatórias, que não lhe acrescentam nada.
O lavar a loiça. O fazer a cama. O pôr a roupa a lavar. O passar a ferro! O próprio dormir. Tudo coisas que "passamos a vida a fazer" (não é à toa que esta expressão um nadinha hiperbólica existe, apercebo-me agora).
É que ultimamente a fugacidade da existência tem-me ocupado particularmente. E se passamos a vida (agora sim) a ouvir dizer que devemos aproveitar este suposto milagre em forma de prenda que é a nossa estadia por cá, como é possível que depois possamos dar tempo a estes pequenos nadas, sem que ninguém repare?
Talvez seja isso: a vida é feita de pequenos nadas. A vida, no fim de contas, é um pequeno nada gigante.