3/01/2007

Óscar para Melhor Filme Estrangeiro II

Em 1977, na RDA, deixaram de ser contabilizadas as estatísticas dos suicídios, “auto-homicídios”, como passaram a ser chamados. Nessa altura, a Alemanha de Leste era apenas ultrapassada pelo suicídio na Hungria.
De lá para cá: tenho a sensação de que a democracia é, em certa medida, o embrião da anarquia, seu fim trágico. E nisto (vá lá…) tem de ser dada razão às profecias fascistas e à sua obsessão pela ordem e pela rigidez de comportamentos.
Parece impossível que tenha sido há tão poucos anos. Em 1985, a Alemanha de Leste – RDA – era controlada por uma Stasi sufocante, capaz de arruinar a vida de todos os cidadãos. As ditaduras e todo o seu esforço de austeridade cobrem-se de um ridículo difícil de expressar: talvez esteja na simplicidade física imposta ao ser humano; no próprio modo de andar, de falar, de comer; numa palavra: nos hábitos. Nos hábitos de vida impostos a uma população que, fechada dentro de quatro paredes recortadas numa geografia de região, têm acesso interdito ao resto do mundo: o Ocidente, que é tudo. Esse grande monstro.