O respeitável Joaquim José dos Santos (2)
A vida do Joaquim da Amélia, que morreria usando o mais respeitável título de Joaquim José dos Santos, é o exemplo em carne das voltas que a vida dá e que o que hoje é, rapidamente deixa de o ser. Mil foram as oportunidades que a vida teve de se desembaraçar deste ente pouco querido, embora em todas elas tenha falhado por uma unha negra. Nem as pessoas nem a sorte gostam de homens que não podem definir, e era exactamente isso que Joaquim era: a estridência de um raio que cai na terra seca e rachada de Agosto. Um homem incompreensível, menos bom do que mau, jamais amado e por muitos odiado. Uma mistura de Deus e de Diabo que desafiava as próprias leis do universo e que só a Antiguidade poderia ter aceite e compreendido na sua plenitude; uma sinfonia irrepetível e pessimamente executada que fere os ouvidos do seu público, mas mesmo assim o enfeitiça e impede de abandonar a sala.
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