4/28/2005

Guilhermina Paula (13)

Guilhermina Paula não acreditava em grandes revoluções, mas em pequenos gestos, entre os quais figuravam o marcar criadas com água a ferver de modo aparentemente acidental. A tornar o acto frontal, honestamente propositado, jamais se atreveria; reconhecia e temia o rancor dos subordinados e por isso tratava-os com respeito e bondade aparentes. Sabia que sempre que olhassem um braço queimado ou agonizassem pela aparatosa queda sem explicação ocorrida enquanto procuravam para a menina algo na prateleira mais alta, jamais se esqueceriam de lhe obedecer. E, afinal, quem se atreveria a malquerer do anjo de caracóis barrocos e olhos grandes e azuis?
Guilhermina Paula Trindade Leite de Castro, filha de José Honório, que tinha sangue dos Honório do Desterro, teria com toda a certeza uma boa vida.