11/11/2007

Bruxas

"Eu não tenho medo de bruxas" - declarava eu, na soberba ingénua de quem tem 5 anos (esperem: não é sempre ingénua, a soberba?). "As bruxas estão na América! E eu não vou à América..."
O meu Avô encarava este como um elo lógico premissas-conclusão evidente e, portanto, irrefutável.
Só que aqui em Madrid, sem me avisarem, elas voltaram. Lá em baixo na Plaza Mayor há uma bruxa. Em cima de um pequeno caixote, muito quieta, estátua inofensiva, com um pote pousado à frente. Turistas e madrilenos páram invariavelmente a apreciá-la. E quando se aproximam do pote para depositar uma pequena mostra da sua admiração em forma de euro, ela não vai de modas e lança 3 gargalhadas estridentes. Os adultos riem e as crianças dão três voltas a correr à Plaza, temendo até ao final que ela os apanhe. Voltam sempre lá, para a despertar e dar mais um sprint.
Ora a mim, que infelizmente já não sou criança, isto perturba-me o ambiente. Estou cá em cima e levo com repetidas gargalhadas maquiavélicas. A minha verdade apodícitica virou-se contra mim.
Há quem diga que quando chegar o Inverno as bruxas não vão aparecer na Plaza. Eu assim espero. Não sei onde fui buscar a América. Mas já tenho a minha paga por brincar ao mais-forte com o sobrenatural.

1 Comments:

Blogger Joana said...

Contente por ver novidades!
E não tenhas medo, querida! Elas não te fazem mal! Prometo!!***

9:03 da tarde  

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