3/24/2006

Ainda

Vê-se nos olhos que os passageiros - do metro,vá - não têm uma vida feliz. E arrisco até que se trata de um fenómeno assim: não são as agruras da vida que os tornam pessoas tristes, é o transporte público que os possui. Penso ter descoberto a origem da depressão da sociedade.
Se imigrantes e trabalhadores com destino à estação terminal da Linha Gaivota (porquê o nome de ave para um troço subterrâneo?, porquê?) passassem a conduzir Touaregs e séries 7; se os condutores destes brinquedos passassem a frequentar a Linha de Sintra... Eu gostava de ver.
Abaixo os favorecimentos: eu continuaria a apanhar o metro.

3/23/2006

Evidências

Quem anda de transportes públicos não pode ter uma vida fácil.

A injustiça

de forçarem João Moutinho a carregar o peso do sucesso da equipa às costas...

3/15/2006

Este blog não é crítica de cinema

Coisa Ruim afasta-se do filme de terror para ser um retrato sociológico perfeito do Portugal profundo. Aparece como um valente safanão, assalta-nos com a realidade de uma aldeia perdida atrás dos montes. Sítios em que a máquina do tempo avariou há muitos séculos.
Um guião brilhante ilustra as crenças e superstições de uma gente inocente, obcecada pela ideia de um Deus castigador, a quem se venera por temor. É a base do cristianismo, parece-me. É a Idade Média aqui tão perto.

3/08/2006

O Dia da Gaja

Hoje é o dia internacional da mulher. É só uma data, nem sequer é feriado nem nada, e além disso é daqueles dias que pode ser quando um homem quiser, como o Natal.

Mas é sempre bonito assinalar, já que sem elas isto não tinha piada nenhuma...

3/02/2006

Miss Kittie Klaw ladies and gentlemen...

Remédio para pesadelo

Desde que me lembro de ser eu (a consciência de si, esse fenómeno), tenho pesadelos recorrentes com a nossa ponte sobre-o-Tejo.
Tento exorcizar o fantasma expondo-o assim:
sonho que me aventuro a entrar do lado do rio e que, uma vez lá em cima – só eu, água em baixo, céu em cima –, não sei como regressar a terra. É-me impossível alcançar a margem. Não consigo ter-me de pé, há qualquer coisa de vertiginoso macabro raiz de todo o terror da vida naquela situação.
A estrutura metálica teima em abrir os seus buracos até que eu caiba dentro deles. Eu agarro-me a tudo quanto posso (qual Angelina Jolie trapalhona…), com a certeza de estar apenas adiando o inevitável.
Costumo dizer que quem não olhou pelos buraquinhos da ponte em criança não teve uma infância “normal”. Quem, vindo da praia da Caparica, calmamente no banco de trás do carro (vida inócua, sem responsabilidades, volta!), não se inclinou à entrada da ponte, para espreitar pelas centenas de quadradinhos e desafiar a privacidade do mar… Quem não o fez que levante o braço.
Ultimamente percebi a causa do meu problema: abusei de olhar pelos quadradinhos. Tive uma infância tal maneira normal, fui tão tão criança… que vim dar nisto.