11/30/2005

Sem vénia a Soares...

Argumenta o L.: não há alternativa válida a Cavaco.
É quase oficial: o economista, o técnico, o homem pouco talhado para o mundo diplomático vai ganhar a Presidência.
Na esteira destas presidenciais, um fenómeno de opinião pública surge intrigante: é que nos últimos anos Soares e Cavaco estiveram em pé de igualdade. Com a vantagem para Soares (razão lhe seja dada)de sempre se ter pronunciado sobre a vida nacional/internacional/interplanetária e afins. Cavaco, por sua vez, optou por uma postura mais «atrás dos palcos».
Eu diria que Soares tinha - até - mais prestígio do que Cavaco, até se ter declarado candidato à PR. O que terá mudado na mente colectiva para, de um dia para o outro, ele passar de figura respeitada a velho «gágá»?
A história da idade é um argumento vazio. Sem razão de ser. Até porque Soares já provou a sua lucidez.
Nisto vejo-me obrigada a discordar do L.: Soares é uma alternativa mais que válida a Cavaco. Dêem-me outro argumento para contrariar a sua recandidatura. E um que sirva.

11/24/2005

Adolescência II

O meu irmãozinho - adolescente em flor - abandonou esta noite o lar, pela segunda vez no espaço de seis meses. "Acabou-se o teu irmão", disse-me em tom de récito. Voltou à base passados sete minutos. São sete minutos, mas muito intensos.
E a preparação é toda ela uma encenação digna de se ver: faz o seu saquito - coisa simples, sem grandes pretensões - e pouco mais se preocupa em levar para além da bola de futebol (meio de integração e afirmação do indivíduo no grupo de pares) e do cartão de sócio do Benfica (nova religião dos tempos modernos).
Ah, como são queridas, bonitas e puras as convicções adolescentes... Talvez os felizes sejam eles.

Adolescência I

Um post da Joana (elogio à "Tina"), fez-me reviver a adolescência. Penso muitas vezes - muitas, até porque lá se enraizam os traços escondidos da minha personalidade actual - nessa etapa tenebrosa da minha existência, em que uma ingenuidade assustadora, mascarada de lucidez adulta, era dona e senhora de mim.
Sem sabermos, passamos a adolescência toda numa convivência pouco ou nada amena com um estranho: nós próprios. Acho que podemos ser estranhos de nós toda a vida, convencidos de nos conhecermos, prevermos e controlarmos.
Concluo que a ingenuidade é característica latente do ser humano e que é a sua arrogância desmedida aquilo que o trama, que o impede de se "Conhecer a si próprio". Sócrates, tu é que sabias...

11/12/2005

Route 66

Lá por ter deixado de escrever, não quer dizer que não continue a visitar alguns blogues esporadicamente. Inspirado num post sobre a América publicado no Fastio, lembrei-me de dizer que estou a meio do caminho. O que não significa que esteja perto. Há estradas mais longas que outras.

11/05/2005

O que temos

Ao meu sábio Avô, que foi quem disse:
"Os nossos governantes não governam - governam-se".

11/02/2005

Novas filosofias da tecnologia

O último spot publicitário da Vodafone conta a história de um insecto com esperança média de vida de um dia. A "libelinha" - vamos supôr - é feliz na sua ingenuidade de animal não racional. E naquelas 24 horas de existência, não só se diverte como aproveita para fazer tudo o que lhe dá prazer, entre saltos e esvoaçares. A mensagem é curta e a lição moral óbvia: se em vez de nos preocuparmos com os pequenos nadas do dia-a-dia aproveitássemos a vida, o momento, o segundo (o que seja), não seríamos insectos mas homens muito mais felizes.
Depois das torradas queimadas, do casal velhinho infeliz e de pessoas que choram ou riem como se não houvesse amanhã, a Vodafone aparece com uma mensagem simples mas que de tão eficaz não pode passar sem a devida vénia.
O novo marketing das telecomunicações intriga-me. De acessório, o telemóvel passou a bem essencial e as campanhas publicitárias apostam na reflexão sobre a vida e o modo de estar nela. Hei-de tornar a falar disto.