3/10/2008

The Cure

No sábado assinei contrato com eles por mais uma época como banda da minha vida - apesar de eles já andarem nisto há 32 anos e apesar de eu só há 25, mas sem apesares. A coisa é de tal ordem, e o Roberto (não esqueço o baixo do Simon Gallup) consegue ser tão indiscreto que me faz corar: "Ah ah ah... esta agora oh Roberto, a contares isso aos senhores sobre mim, tens cada uma..."
É verdade que o léxico dos Cure é recorrente, repetitivo até, como um círculo limitado de sentimentos que excluem tudo o resto e se fecham num casulo de angústia. Mas o que somos todos nós senão um conjunto de ideias obsessivas? E o Roberto vai ao fundo da questão. Digo eu e diz uma geração de sonhadores.

Florestas góticas e baixos enfeitiçantes

... cujos acordes nos entram ouvidos adentro e nos fazem sentir no meio dessa natureza nórdica, árida, imaculada de toque humano. Onde bandos góticos, usando o preto e sem querer ouvir falar do sol, se deleitariam em piqueniques.
"A Forest". No meio do Pavilhão Atlântico, eu, coitadita de mim, nem em bicos de pés conseguia ver o Robert Smith, desgraçada. Mas consegui, no meio daqueles milhares de emocionados, sentir-me sozinha na floresta.

3/06/2008

Para o D. - universais e particulares

Cinismo delicioso: conta-se que Diógenes de Sínope, esse escandaloso filósofo grego, andava pelas ruas de Atenas com uma lanterna, em plena luz do dia, numa busca incansável (cínica...) pelo verdadeiro homem. O homem - não o D., eu, o João ou o Bruno, sujeitos particulares -, mas o homem na sua essência ou universalidade. Onde está o homem para que todos remetemos?
E esta, D.? Hem?

3/05/2008

O Ser Português não se explica

Estava em modo zapping-matinal, depois do café com leite (do pão e dos cereais com leite e morangos - sim, sou bom garfo ao piqueno-almoço, o que é que tem!?), e de repente, na RTP Memória (where else...) lá estavam eles: Eládio Clímaco e acompanhante vestidos à realeza medieval, microfone em punho. Eram os Jogos sem Fronteiras, directamente da Batalha. Quer dizer: logo aí emocionei-me. Emocionei-me! Os Jogos sem Fronteiras!!, essa miticidade ambulante dos nossos oitentas, dos jantares de Verão no Algarve em restaurantes quentes com tv incorporada e som estridente.
Entrou a equipa da República Checa (com equipamento fuchsia), a Grécia (vestindo azul-claro), a Hungria (em tom de amarelo torrado), Malta (cor-de-rosinha), Itália (azul-escuro), todos agitando orgulhosas bandeiras, alguns esboçando gritos de vitória, sorridentes todos eles.
Até que entrou a equipa de Vila Real. Vinham de equipamento verde da Adidas. Alguns traziam mascotes em forma de peluches. Tinham o brilho da nacionalidade nos olhinhos. E eu (de verdade) fiquei tão contente por nós... Antevi o Eládio Clímaco a rever a tabela dos pontos no final de cada prova, antevi a sua exaltação constatando que a equipa portuguesa saltava de nenúfar em nenúfar!, era quem metia mais bóias no cesto e passava o testemunho em tempo recorde!...
Emocionei-me, caramba. Há referências que nos ficam. Ser Português não se explica - sente-se.
E posso estar a ser injusta, mas cá para mim um cidadão de Malta a quem lhe apareça pela frente os Jogos sem Fronteiras após o pequeno-almoço não vai sentir nada. Nem sequer aquela emoção de ser maltês.